Saturday, March 15, 2008

Vulcano

Ouço o choro das crianças. Elas gritam e se rasgam.
A Agonia afaga com suas mãos laminosas suas cabeças.
Sangra.

O campo está em chamas. O gado parte em debandada, tentando fugir do fogo.
vulcano não nos perdoou por tantas injurias e Tetis não nos deu razão.
Queimamos em meio ao mato avermelhado.
É o que sofremos por sermos impuros e renegar a mãe.
Ela morrerá. Mas nos levará junto.
A única diferença é que para ela há o perdão. E para nós?

Monday, March 10, 2008

Cães Internos

O sentimento de derrota me domina o peito.
Me sinto um soldado derrotado que derruba a bandeira ao fim da batalha.
A vergonha me cobre a alma com seu manto desbotado do choro de muitos.
Mas não chorarei. Não nadarei no rio amargo em que nadam os perdedores. Não me afogarei na dor de uma derrota.
Seguirei adiante como um soldado ferido, sofrido, ensanguentado.
Posso mancar, até cair. Mas cotinuarei andando, pegarei a bandeira e a empunharei no ar, enfrentando qualquer céu que venha me desafiar.

Que a derrota seja a ração que alimenta meu cães internos e que eles estejam prontos para a hora da caça.

Friday, March 07, 2008

Surpresas e Certezas.

Um grito, um estouro, um agito.
Um riso, um canto, um grito.
Eu vivo, eu vivo, eu vivo.
A me surpreender.

Certezas são incertas.
Antonimos são sinomimos.
Só dependem de um angulo,
ou de um copo de rum.

E é no rum e no mar,
que naufragam as surpresas,
Pois são os bêbados os certos,
De errado caminhar.


Estou certa de uma coisa!
A surpresa é uma maldade!
Mas somos todos filhos de sade,
com a certeza de sofrer.

Monday, March 03, 2008

O Destino, o Tempo e o Amor.

Andava nos trilhos do que se seguia e do que ficava.
Dava adeus a criança, que me acenava inocente.

O trilho era fino, mas vigoroso. Pulsava energia e se espalhava com o vento. O velho senhor me olhava, imponente. Ele conhecia o caminho e eu apenas era a viajante perdida. Guiada pelo vento que me soprava as direções.

A jovem garota me beijou enquanto dormia. O senhor não me esperou, me deixou um bilhete entre o musgo frio. Só senti a repiração do trilho que me acordava calmamente como um nascer de um sol de inverno. Ele me disse para continuarmos o percurso. E eu, amante do teu sorriso, levantei sem hesitar.
Dias passaram-se. Noites talvez. Mas aquela mulher, sempre me aparecia. Me falava algo e me agraciava com um olhar. Amava-a, talvez não tanto quanto os trilhos que me seguiam fielmente, mas a amava.

Meus pés sangraram. Meus olhos ardiam e minha pele tinha bolhas, expostas pelo sol.
Quis parar. Gritava, sangrava e pedia que o meu amante que me deixasse. Mas eu era prisioneira do senhor, do trilho....menos dela.

Caí. Caí em meio a relva. Era o meu tempo de parar. Gritei para o senhor parar. Ele me ouviu e me cobriu calmamente com seu manto negro. A mulher já era velha e chorava aos meus pés. E o trilho....o trilho acabou entre as minhas mãos. Se desfez ao vento e seguiu outro curso.