Thursday, January 31, 2008

O Reverso da Medalha - Sidney Sheldon

Ao futuro leitor desta obra, o título lhe revela traição, vingança e conquista. Mas não se deve esperar apenas isso deste livro, pode-se esperar uma lição de vida em cada página, um aprendizado do leitor e dos personagens que constituem a leitura.
Dividido em partes, o livro conta a história de uma família, passando por quatro gerações. A sutileza que Sidney Sheldon utiliza na passagem do tempo é esplêndida. Nas primeiras páginas nos vemos em 1814, nos tempos de colonização africana e intensa exploração de jazidas, mas sem notar, de repente o leitor se vê em 1985! E aqueles velhos e cativantes personagens do começo desaparecem deixando para continuar seu história, seus filhos e netos.
Nas primeiras páginas do livro notei que o modo como Sidney Sheldon narra o conto é muito pessoal. Ele explicita os sonhos e pensamentos do personagem, despindo-o por inteiro para que o leitor possa compreende-lo. A princípio eu não gostei dessa tática, seria como se não houvessem segredos a serem descobertos, como se conhecessemos demais os participantes da trama. Mas todos esses argumentos dissiparam-se à medida que a mesma se desenvolvia, pois eram como se os personagens estivessem vivos e o leitor, através da técnica de Sheldon, achasse que os conhecesse, mas após algumas páginas descobria-se enganado.
Outro ponto importante é o caráter que ele sugere ao personagem. Os protagonistas ( pois em cada fase é um diferente) não são mocinhos ou vilões na trama. Assim como o bem e o mal é uma questão de visão, as atitudes dos personagens podem ser interpretadas da forma como se quer. Aquele carisma que se sente pela Kate, a jovem mãe solteira pode se transformar em ódio devido á seu poder de manipulação.
Em resumo, gostaria de explicitar congratulações a este escritor pelo modo em que entra na vida dos leitores envolvendo-os e humanizando-os, fazendo-os perceber que o tempo pode mudar tudo, mas é a ambição que coordena a mudança.

Saturday, January 26, 2008

Lágrimas, Turbinas e Rock'n Roll

Salvador, 26 de Janeiro de 2008

O ônibus estava parado. Eu corri não mais que dez passos e entrei na condução. Ainda estava abalada e me sentia fraca. Mas o frescor da brisa que se esgueirava na janela me surgiu como um alívio de minhas dores. Encostei-me no assento e abri a bolsa. Resolvi ouvir música. Precisava ouvir qualquer coisa além de turbinas de avião. Elas me lembravam ele, o sentimento cru ainda se fazia sentir em meu peito e eu chorava compulsivamente. A partida do ônibus foi rápida. Vi Leal em outro ônibus e acenei, mas distraído ele não prestou atenção. Me senti sozinha. E insegura - "como fazer agora? Como enfrentar minhas dores sozinha? Ele se foi, e não tenho ninguém"- eu pensava.
Abaixei o volume da música para ouvir as turbinas do avião. Parece cruel mas eu queria me certificar que aquilo tinha acontecido e eu não estava sonhando. Olhei para o céu encoberto de finas nuvens que impediam qualquer aparecimento do sol. Gostava de dias assim, porém, aquele dia eu queria esquecer. Da janela do ônibus fitei a grama verde do aeroporto, os arbustos e senti calor. "De pensar que para onde Matheus irá está nevando!" - sussurei pra mim mesma.
Aumentei o volume da música para me distrair mas num sobressalto olhei para o lado e vi um avião. naquele momento pude sentir que era nele que meu amigo estava. Tão perto, tão junto, mas tão impossivel de se tocar. O avião fez a curva e partiu, eu ouvia Bon Jovi gritar em meus ouvidos (consolo talvez?) e pensei que sempre que ouvir essa música lembrarei dessa cena e novamente me peguei chorando por Matheus. Chorando e acompanhando com os olhos até onde eu podia ver. Naquela hora pude ter a certeza de que meu amigo estava lá, naquele avião, olhando para mim. Ao menos em sua mente.

It's my life
It's now or never
I ain't gonna live forever
I just want to live while I'm alive

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Eu te amo muito meu amigo.
Saiba sempre disso.


Paula Oliveira

Thursday, January 24, 2008

Espelho que não Reflete

O olhar no espelho é enganoso.
Mas ele não sabe.
Ele se toca e se vê.
Mas não é ele.
Teus dedos tocam no gélido reflexo que como a lua se torna distante.
Ele sabe que não é ele.
Mas o desejo de ser tudo aquilo que não se é lhe excita.
Ele quer a si próprio.
E ele tem. E vive com o sentimento enganoso em tua garganta que como lodo imundo escorre pelas entranhas e lhe sufoca a boca.

Se alguém um dia lhe perguntar quem é, ele não saberá. Mas a mentira, sombra que o persegue, sussurará uma resposta.
E ele mentirá.

Wednesday, January 23, 2008

O mistério do Poeta

Qual o mistério que te rodeias?
Parede gélida,
que entre frestas me esconde a luz.
Porque não me deixas entrar?
O que à de esconder?
A pura lama que cobres teus pés
há de imundecer tua alma?
Ou o brilho dos olhos teus hà de cegar-me?
Se estas paredes ouvissem certamente ouviriam tal lamúrio meu,
E veria que dor minha, Tisbe sofreu.

Paula Oliveira

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PS.: definitivamente não sou boa em escrever coisas melosas. (rsss)
PS.2: dedico a Diego, que apesar de saber que ele nunca vai ler... sei la...ele me inspirou.

Wednesday, January 16, 2008

Por onde andará o tempo?

O tempo me foi roubado. O tempo me foi roubado enquanto eu dormia. Não há pistas, não hà suspeitos, só a presença do que se foi. Talvez sejam falsas acusações.... Talvez o tempo tenha me pregado uma peça, talvez esteja escondido entre as dobras de minha vida, esperando a calmaria anunciar tua volta. Talvez o tempo tenha fugido, tenha desistido de me acompanhar e resolvido me deixar prostrada na curva em que meu destino muda. Mas sem o tempo...nunca mudará. Será que eu o esqueci? Em algum lugar, em alguma gaveta, na porta da escola, ou no passado, após longas noites de festa e bebida?

Tempo, tempo, tempo,tempo. Se soubesse quão importante ele era, talvez ele ainda estivesse aqui.

Paula Oliveira



PS.: O tempo é minha eterna inspiração. Ironia, pois é eterna até quando ele quiser.

Tuesday, January 08, 2008

Luxúria

Anjo da redenção,
que me beija e me afaga. Que me despe por inteiro.
Me ame, como as asas tuas amam os céus.
Arranque a dor de mim e esfregue-a em meu passado até que desta surja o prazer.
Anjo da redenção,
que meu arrependimento aqueça nossa noite e que o teu sussurro seja vossa prece.
Que a luxúria que o inflama seja tua própria redenção e a hóstia, minha lingua.

Monday, January 07, 2008

Relatos Antigos

Logo após eu vir morar na casa nova....achei legais as minhas divagações...importantes.

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Salvador, 10 de dezembro de 2007

Casa nova, vida nova. Estou muito feliz com todas as mudanças de minha vida. Por mais que estas tenham me feito sofrer me ensinaram e me mudaram muito. Do meu computador posso ver a varanda, e dela posso ver o mar. Ah o mar! Minha grande amiga que está muito longe mas que eu amo muito me fez um dia refletir sobre ele. Quão grandioso ele é. Ele é calmo, mas tempestuoso. Ele é tão diverso, mas as vezes resume-se a uma gota d'gua. O mar tirando a perfeição que representa poderia ser facilmente comparado à nós, humanos. Tão mutáveis, tão diversos.
Que falta eu sentia do mar, as brisas que ele sopra para mim, passando pelas frestas da janela, me inspira e me abençoa. Sim. Pois creio que essa nova fase de minha vida será boa. Ou pelo menos, se for ruim posso chorar, ou unir-me ao oceano.
Talvez o presente e/ou futuro para mim seja melhor que o passado, talvez não. Eu só sei que se não for sempre haverá mais futuros que possam ser melhores. "Enquanto a vida, há esperança" nunca foi tão significativo para mim como agora... E olha que eu detesto ditados. (rss)